
Práticas da História Nº 7
Abr 10, 2019 | 2018, Edições, Revista Práticas da História

Práticas da História – Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past
- 2018
- Número 7
- ISSN: 2183-590X
Nota editorial:
Este é o sétimo número da revista Práticas da História – Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past. Como indica o título da publicação, a revista tem-se interessado em analisar e debater diversas formas de ser sensível e dar sentido à história. Sinal desta diversidade é o facto de o presente número reunir estudos quer sobre tendências historiográficas que ocupam um lugar importante no domínio universitário da disciplina de História, como é o caso da Begriffsgeschichte (História dos Conceitos), quer acerca de produtos de desenvolvimentos tecnológicos e comerciais mais recentes, como é o caso dos digital historical games, a propósito dos quais publicamos aqui o artigo «World, Structure and Play: A Framework for Games as Historical Research Outputs, Tools, and Processes», do his-toriador Robert Houghton. Quanto à Begriffsgeschichte dedicamos-lhe o nosso Fórum, no qual os historiadores Fátima Sá e Melo Ferreira e Sérgio Campos Matos, ambos integrantes do projeto «Iberconceptos», propõem a leitura combinada de dois textos seminais: «Categories, Classes and Identities in Time. Escaping Chronocentric Modernity», do historiador Javier Fernández Sebastián, e «Categorias. Uma reflexão sobre a prática de classificar (revisto)», do historiador António M. Hespanha. O presente número inclui ainda um artigo que procura olhar, desde um novo ângulo crítico, uma questão metodológica que há muito constitui motivo de reflexão entre historiadores: em «Historiadores citando historiadores: afirma-ções de verdades e a construção do discurso histórico (Diogo Borel e as traduções da Constituição francesa)», Cláudio DeNipoti discute a prática de citações sucessivas pela historiografia e, através de um estudo de caso, descreve como esta prática validou um rumor e, pela sua repercussão, esteve na origem de um evento histórico. Em 2018 assinala-se o bicentenário do nascimento de Karl Marx, ele que morreu em 1883, em Londres, tendo nascido em Trier, em 1818. Não é, então, por acaso que a maior parte das páginas que fazem o presente número da nossa revista contam com um conjunto de artigos e ensaios que, de modo direto ou por efeito colateral, sublinham o lugar que a obra de Marx e a tradição marxista foram ocupando na produção e discussão historiográfica desde as últimas décadas do século XIX. É certo que, ao cair do pano sobre o século XX, a credibilidade intelectual e científica do marxismo foi seriamente questionada pela historiografia. Efeito desse questionamento será, por exemplo, o esquecimento a que foi votado um autor que teve uma influência significativa na segunda metade do século XX, Louis Althusser, a quem a filósofa Irene Viparelli, nas páginas que se seguem, dedica o ensaio «A importância teórica de Écrits sur l’histoire de L. Althusser». Outros autores de proveniência marxista, porém, não viram a sua relevância diminuir após a queda do Muro de Berlim. Foi nos anos de 1990 que a obra historiográfica de Eric Hobsbawm – sobre o qual se centra o artigo «The Popular Front and Marxism in Eric Hobsbawm’s Historical Works», do historiador George Souvlis – atingiu maior sucesso editorial. As próprias obras de Marx e Engels não deixaram de continuar a ser reeditadas após o fim da URSS e – inevitavelmente – interpeladas em termos renovados. Textos como o Manifesto do Partido Comunista (reeditado uma e outra vez por ocasião do seu 150º aniversário ou, já este ano, por motivo do referido bicentenário do nascimento de Marx) mantiveram um lugar no cânone da História do Pensamento Político, sendo hoje reapropriados por correntes teóricas relativamente independentes da tradição marxista, como podemos verificar no artigo que lhe dedica o filósofo José Miranda Justo, convocando autores como Gilles Deleuze e Félix Guattari. A persistência da importância do marxismo na historiografia revela-se também no artigo do historiador Sanjay Seth, no qual os contributos do pós-colonialismo para os estudos sobre nacionalismos são submetidos a uma genealogia que nos remete, entre outras proveniências, para os chamados Subaltern Studies. Constituindo uma das tradições historiográficas que, nas últimas décadas, alcançou maior projeção internacional no meio académico anglo-saxónico, os chamados Subaltern Studies são situados por Seth na sua imbricada relação com o marxismo. Last but not the least, além da costumeira secção de recensões, o presente número dá ainda a ler uma entrevista com o his-toriador Enzo Traverso. Nos seus trabalhos em torno da história do século XX e daquilo que – glosando Georges Perec – chamou os modos de usar o passado, Traverso tem mantido uma relação de proximidade com o marxismo, que a um tempo é objeto de estudos seus e instrumento teórico e conceptual ao serviço destas mesmas investigações.
José Neves (IHC — NOVA FCSH)
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Detalhes do Evento
Sobre as múltiplas dimensões – histórias, processos, legados e memórias – desses eventos independentistas que mudaram a configuração da política global do mundo da segunda metade do século XX.
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Detalhes do Evento
Sobre as múltiplas dimensões – histórias, processos, legados e memórias – desses eventos independentistas que mudaram a configuração da política global do mundo da segunda metade do século XX.
50 Anos das Independências das Colónias Portuguesas em África:
Histórias, Processos, Legados e Memórias
Em 2025, quatro antigas colónias portuguesas de África (Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe) celebram o cinquentenário das suas independências, vindo juntar-se à Guiné-Bissau, que dois anos antes (em Setembro de 1973), proclamara unilateralmente a existência do Estado da Guiné-Bissau, acedendo à independência formalmente a 10 de Setembro de 1974. Os processos negociais complexos que abririam as portas às independências destes territórios que estiveram durante séculos sob o domínio português não foram lineares. Assim, desde a Declaração Unilateral da Independência da Guiné (um importante precedente a nível internacional) às negociações nos casos de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, envolveram complexas e importantes teias geopolíticos e transnacionais, num contexto africano e mundial de Guerra-Fria e de rescaldo da cisão sino-soviética, que valerá a pena dissecar.
Pretende-se com esta conferência internacional assinalar os 50 anos decorridos desde esses acontecimentos transcendentais para a vida de territórios outrora colonizados por Portugal em África, nalguns dos quais (Guiné, Angola e Moçambique) foi necessário passar por devastadoras guerras de libertação/guerras coloniais. Essas lutas pela emancipação inscrevem-se como eventos conexos de uma longa história de resistência dos povos submetidos à exploração imperial, ao trabalho forçado, ao racismo e ao colonialismo. Como é sabido, os processos que levaram às independências geraram múltiplas dinâmicas e ramificações que, por um lado, ultrapassaram as simples fronteiras dos respetivos territórios concernidos; por outro, tais processos produziram interações interna e externamente com vários elementos e condicionalismos, combinando o contexto internacional da época com as demandas internas dos povos colonizados pela soberania política.
Neste sentido, as independências não devem ser interpretadas como acontecimentos históricos isolados, nem como eventos lineares e homogéneos. Há uma historicidade própria que carateriza os processos de independência referente a cada um dos territórios, processos esses marcados por complexidades de diversa ordem. Tanto assim é que não podemos separar as independências das lutas dos movimentos de libertação, do anti-colonialismo, das revoluções terceiro-mundistas, do anti-imperialismo, das lutas contra a ditadura Portuguesa, etc. Em suma, as independências resultaram das várias lutas levadas a cabo pelos movimentos de libertação em diferentes frentes. E as ações destes contribuíram para a revolução de 25 de Abril de 1974 e, por conseguinte, para a queda da ditadura em Portugal.
Chamada para comunicações
50 anos após esses processos históricos que levaram à emergência de novos estados-nação, esta conferência internacional pretende reflectir sobre as múltiplas dimensões – histórias, processos, legados e memórias – desses eventos independentistas que mudaram a configuração da política global do mundo da segunda metade do século XX. Neste sentido, apela-se a propostas de comunicações sobre tópicos como:
- Lutas pelas independências (conceitos, contextos políticos, culturais e sociais);
- Lutas pelas independências, anticolonialismo, anti-imperialismo e revoluções terceiro-mundistas;
- Solidariedade internacional com as colónias portuguesas e cruzamentos com outras lutas anticoloniais no contexto da Guerra Fria;
- Atores, militantes e organizações independentistas;
- Género, educação e mobilização popular nas lutas pelas independências;
- Artes, artivismo e manifestações culturais nas lutas pelas independências;
- Contributo das lutas pelas independências para o fim da ditadura portuguesa;
- Descolonização pós-25 de Abril de 1974;
- Construção dos novos estados-nação africanos e neocolonialismo;
- Heranças coloniais nos países africanos independentes e em Portugal;
- Guerras civis e transição democrática nos países africanos independentes;
- Construção da memória nos países africanos independentes e em Portugal.
Os resumos das apresentações (200 palavras), acompanhados por notas biográficas (250 palavras), devem ser enviados para: independencias50anos@gmail.com
Prazo para submissão: 15 de dezembro de 2024
Notificação de aceitação: 30 de janeiro de 2025
Línguas de trabalho: Português, Inglês e Francês.
>> Descarregar a Chamada para Comunicações (PT / FR / EN, PDF) <<
Palestrantes convidados/as:
Maria da Conceição Neto (Universidade Agostinho Neto)
Severino Elias Ngoenha (Universidade Eduardo Mondlane)
Comissão Organizadora:
Aurora Almada e Santos (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Julião Soares Sousa (CEIS 20 — Universidade de Coimbra)
Raquel Ribeiro (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Víctor Barros (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Comissão Científica:
Gabriel Fernandes (Universidade de Santiago)
Jean Martial Arséne Mbah (Investigador, Doutorado em História Contemporânea)
Jean-Michel Mabeko-Tali (Howard University)
Marçal de Menezes Paredes (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)
Maria Nazaré de Ceita (Universidade de São Tomé)
Michel Cahen (Sciences Po Bordeaux)
Miguel Cardina (Universidade de Coimbra)
Odete Semedo (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Guiné-Bissau)
Pedro Aires Oliveira (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Teresa Cruz e Silva (Universidade Eduardo Mondlane)
Tempo
julho 17 (Quinta-feira) - 19 (Sábado)
Localização
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Alameda da Universidade — Cidade Universitária — 1649-014 Lisboa
Organizador
Instituto de História Contemporânea — Universidade NOVA de Lisboa e CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares — Universidade de Coimbra

Detalhes do Evento
Mostra de filmes que promove o encontro entre produções da Linha de Sintra e obras realizadas no Bairro do Zambujal. Organizada pelo projecto FILMASPORA. Mostra
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Detalhes do Evento
Mostra de filmes que promove o encontro entre produções da Linha de Sintra e obras realizadas no Bairro do Zambujal. Organizada pelo projecto FILMASPORA.
Mostra FILMASPORA
Nos dias 19 e 20 de Julho, a equipa do projecto FILMASPORA organiza uma mostra de filmes que promove o encontro entre produções da Linha de Sintra e obras realizadas no Bairro do Zambujal.
Junte-se a nós para dois dias de diálogo, partilha e cinema.
O projeto FILMASPORA tem como objectivo fomentar o intercâmbio cultural e audiovisual, aproximando comunidades através da exibição de curtas e médias-metragens que dão voz às vivências, expressões e narrativas locais.
Programa
19 de Julho
A Partilha — Associação de Moradores do Bairro do Zambujal, Loures, 21h
21h – HIP-HOP KRIOLO
21h30 – Enciclopédia Hip Hop Volume 1 (2016), de Uncle C
20 de Julho
Espaço Mbongi 67, Linha de Sintra, 16h
16h – Lisboa, Pódio de Quimeras (2021), de Welket bungué
16h30 – Cantores do Submundo (2012), de Fernando Moreira
>> Programa da mostra (PDF) <<
Tempo
19 (Sábado) 9:00 pm - 20 (Domingo) 6:00 pm
Localização
Loures e Sintra
Organizador
Instituto de História Contemporânea — Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboacomunicacao.ihc@fcsh.unl.pt Avenida de Berna, 26C — 1069-061 Lisboa
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