Tapadas e Caçadas Reais
Jan 29, 2021 | Capítulos, Publicações
Tapadas e Caçadas Reais nos Finais da Monarquia Constitucional Portuguesa
- Pedro Urbano
- Como a Fénix renascida. Matas, bosques e arvoredos (séculos XVI-XX): representações, gestão, fruição
- Cristina Joanaz de Melo (Coord.)
- 2020
- Lisboa: Edições Colibri
- Idioma: Português
- ISBN: 978-989-689-946-2
- Depósito legal n.º 465 468/19
- 131-162 p.
Excerto:
Em 1721, no seu Vocabulário portuguez e latino, o clérigo Rafael Bluteau (1638-1734) definia tapada como o “espaço de terra, tapado com muro, em que se cria caça”. Quase setenta anos depois, quando o lexicógrafo António de Morais Silva (1755-1824) elabora o seu dicionário a partir do de Bluteau, caracteriza melhor este espaço, como sendo uma “cerca de arvoredo e mata onde se cria caça”. As duas definições assentam em dois pressupostos: uma propriedade delimitada e protegida com fins específicos, nomeadamente o desenvolvimento de recursos cinegéticos, cabendo à mais recente a caracterização do terreno, nomeadamente a sua arborização silvestre.
Sobre o livro:
No decurso da história, a floresta gerou conceções e representações espirituais e artísticas, permitiu utilizações económicas e sociais e adquiriu funções utilitárias e lúdicas. Atravessando diferentes períodos e contextos, o presente livro pretende refletir sobre temas inovadores que vão da representação à gestão e fruição da floresta. A narrativa, intencionalmente poliédrica, explora as representações de florestas, matas e arvoredos no vitral de produção nacional da época medieval e moderna, bem como na faiança dos séculos XVI a XVIII. Paralelamente, analisa-se a exploração e regeneração de recursos florestais, considerando a gestão territorial, respetivo ordenamento e fruição de elemento naturais do final da Idade Média ao século XIX. E, por fim, aborda-se a relação que se estabelece entre caçadas e tapadas régias nos finais da monarquia constitucional.
Intencionalmente, procurou-se trabalhar períodos cronológicos anteriores aos grandes flagelos ecológicos despoletados por guerras mundiais e pelo boom demográfico mundial do século XX, a partir do qual a relação com a floresta mudou exponencialmente. Atualmente, num paradigma de reflexão ecológico-ambiental, considera-se que o património florestal mundial se encontra em risco e, em consequência dessa realidade insofismável, em risco também a vida do planeta, tal como a conhecemos. Com esta obra, para além de trazer para a luz questões até aqui deixadas na sombra, apostando numa abordagem inovadora em torno da temática da floresta, procurou-se também valorizar a mesma e relembrar o lugar de destaque que ocupou ao longo dos séculos e que se espera que o século XXI lhe venha a devolver.
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