A plataforma Palavras em movimento — Testemunho Vivo do Património Cinematográfico foi lançada na passada semana por Raquel Rato, coordenadora do projecto homónimo, cujo primeiro objectivo é a criação de um arquivo digital “que surge como forma sistematizada das memórias e que será material primordial para estudos científicos cinematográficos portugueses”, revela a investigadora do IHC.

Com este primeiro passo, o projecto resgata a história cinematográfica portuguesa não oficial, através da recolha de memórias dos testemunhos orais dos principais intervenientes do cinema português, a partir da década de 1960-1980, valorizando-as. Raquel Rato diz-nos ainda que o projecto “reúne investigadores nacionais e internacionais na troca de saberes criando redes de partilha institucionais e culturais, na divulgação do cinema português e seus autores”.

Na plataforma agora inaugurada, os utilizadores podem aceder, entre outros materiais, a doze entrevistas já realizadas, entre as quais, aos realizadores António Pedro Vasconcelos e Lauro António, ao produtor António Cunha Telles, à actriz Lia Gama, ou à colorista Teresa Ferreira.

Em declarações à Agência Lusa, a investigadora explicou ainda que “não é só a questão do registo. É a questão destas pessoas, algumas delas, estarem esquecidas no cinema português. Não todas, mas muita gente não sabe quem é o Manuel Faria de Almeida, o Ricardo Costa. É para valorizar as pessoas e as obras delas”.

Da equipa do projecto, que contou com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, fazem também parte a brasileira Ana Carolina Maciel (Universidade Estadual de Campinas) e os portugueses Manuel Mozos (Arquivo Nacional da Imagem em Movimento), Luís Trindade e Caterina Cucinotta (também investigadores do IHC) e Elsa Mendes (Plano Nacional de Cinema).