Centenário de Amílcar Cabral e o IHC

Set 11, 2024 | Notícias

Nos últimos anos, o IHC tem-se destacado na investigação, organização de eventos e publicações acerca de Amílcar Cabral. Assinalando-se o seu centenário a 12 de Setembro, aproveitamos para fazer uma súmula das várias iniciativas em torno daquela que é uma das principais figuras do activismo e pensamento anti-colonial e anti-racista.

Amílcar Cabral (1924-1973) foi o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), cargo que lhe granjeou grande projecção internacional e que deixou múltiplos legados sentidos até ao presente. Foi protagonista de momentos importantes da história global do nosso passado recente e contribuiu de forma singular para o fim do colonialismo europeu em África.

 

Projecto FCT

Embora Amílcar Cabral já fosse uma personalidade estudada por várias pessoas do IHC, em 2016, teve início o projecto de investigação Amílcar Cabral, da História Política às Políticas da Memória, financiado pela FCT, que consolidou essa investigação em torno de uma equipa internacional. O objectivo do projecto foi analisar a articulação entre as ideias de Amílcar Cabral e a sua recepção. Embora o seu trajecto tivesse sido objecto de múltiplos usos memorialistas, a notoriedade mundial da sua figura não tem comparação com a de qualquer outra personagem política do mundo português do século XX. A equipa coordenada por Rui Lopes examinou a contribuição discursiva de Cabral para a constituição das populações da Guiné-Bissau e de Cabo Verde; focou-se no processo de constituição de Cabral como individualidade política de projecção internacional; e analisou as múltiplas práticas de representação que pretenderam objectivar a vida e obra de Cabral, desde biografias académicas a filmes e documentários. Das muitas publicações científicas resultantes deste projecto, destacamos a edição revista e comentada de Análise de Alguns Tipos de Resistência, de Amílcar Cabral, e o dossier “Amílcar Cabral and the Liberation of Guinea-Bissau and Cape Verde: International, Transnational, and Global Dimensions“, publicado na The International History Review.

 

Prémio Amílcar Cabral

Em 2021, o IHC e o Padrão dos Descobrimentos / EGEAC uniram esforços para a criação do Prémio Amílcar Cabral, de carácter internacional, cujo objectivo é “promover a investigação científica e o debate público sobre as resistências anti-coloniais e os processos coloniais que marcam a história do mundo, do século XV até à actualidade.” Foram já atribuídos dois prémios: a Esmat Elhalaby, pelo artigo “Empire and Arab Indology”, publicado na revista Modern Intellectual History; e a Sakiru Adebayo, pelo artigo “The black soul is (still) a white man’s artefact? Postcoloniality, post-Fanonism and the tenacity of race(ism) in A. Igoni Barrett’s Blackass”, publicado na revista African Studies. Está em curso a análise das candidaturas à terceira edição do prémio. O texto de Esmat Elhalaby vai ser publicado, em Português, pela Imprensa de História Contemporânea.

 

«Amílcar Cabral, uma Exposição»

Fotografia de Victor Barros a observar um dos painéis expositivos de “Amílcar Cabral, Uma exposição”, com vários documentos e fotografias não perceptíveis, no Palácio Presidencial, em Bissau.

Victor Barros em Bissau. (© Ricardo Santos)

No arranque das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, em 2023, José Neves e Leonor Pires Martins foram os responsáveis pela concepção e curadoria científica de Amílcar Cabral, uma Exposição, que esteve patente no Palácio Baldaya entre Março e Junho. A exposição assinalou a vida e os legados de Cabral através de 50 objectos, no ano em que se assinalavam os 50 anos do seu assassinato, em Conacri, a 20 de Janeiro de 1973. Em paralelo com a exposição, foram publicados uma série de artigos no jornal Público — O Mundo de Amílcar Cabral — este ano organizados por José Neves, Rui Lopes e Victor Barros num livro homónimo publicado pela Fora de Jogo. O catálogo da exposição, com o título Cabral Ka Mori foi também publicado, em 2024, pela Tinta da China. Ambos os livros serão apresentados em Lisboa, no Centro Cultural Cabo Verde, no dia 14 de Setembro. Quanto à exposição, viajou até Bissau, onde esteve patente no Palácio Presidencial e, actualmente, no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa – INEP. Uma versão itinerante da exposição, será inaugurada a 12 de Setembro, na Amadora (Espaço Delfim Guimarães), onde poderá ser visitada até 30 de Outubro (de terça-feira a sábado, entre as 15h e as 19h), com entrada livre.

 

Encontros científicos

Fruto da rica investigação levada a cabo, o IHC e outros parceiros organizaram vários encontros científicos em torno de Amílcar Cabral. Destacamos apenas alguns dos mais relevantes:

 

Guiné-Bissau e Cabo Verde

Fotografia de várias pessoas sentadas em roda, em cadeiras de plástico branco, a debaterem entre si. A foto foi tirada na Associação Amigos de Safende, na cidade da Praia, Cabo Verde.

Seminário na Associação Amigos de Safende, Cabo Verde.

A dimensão africana de Amílcar Cabral não poderia ficar de fora da nossa acção, por isso foram realizadas várias iniciativas na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, das quais destacamos:

  • Em Maio de 2019, em parceria com o Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral, o organizámos a exibição de filmes sobre os arquivos pós-coloniais e um seminário de debate sobre a obra Análise de Alguns Tipos de Resistência, em Bissau, contando com a participação de público académico e não-académico;
  • Em Novembro de 2019, na cidade da Praia, em parceria com a Fundação Amílcar Cabral, promovemos o seminário Novas Perspectivas Sobre a Luta de Libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde. No mesmo mês, mas em Assomada (Ilha de Santiago), em parceria com a na Escola Secundária Armando Napoleão Fernandes, dinamizámos uma oficina com professores/as de História intitulada Ensinar Amílcar Cabral nas Escolas. Por fim, voltando à cidade da Praia, no bairro Safende, em parceria com a Associação Amigos de Safende, o IHC promoveu mais um seminário de debate em torno do livro Análise de Alguns Tipos de Resistência, bem como a exibição do filme O Regresso de Amílcar Cabral, de Sana na N’Hada, Flora Gomes, José Bolama Cubumba, Djalma Martins Fettermann e Josefina Lopes Crato.

 

 

Fotografia: Inauguração de «Amílcar Cabral, uma Exposição» em Lisboa (Crédito: Diana Barbosa)

 

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