Primeira sessão do ciclo de conferências dedicadas aos 50 anos de Democracia em Portugal, uma iniciativa do Centro de Estudos CECHAP. Com João Gabriel Caia.

Trabalhadores Rurais Alentejanos na República:

história do movimento sindicalista em Évora (1910-1914)

João Gabriel Caia (IHC — Universidade de Évora / IN2PAST)

Na sequência da Revolução Republicana emergem no Alentejo, perante a surpresa de todos os espectros políticos e sociais (desde republicanos a anarquistas), uma série de conflitos sociais de trabalhadores rurais cuja ação e consequência vão muito para além do habitual banditismo associado à carestia de vida, razoavelmente controlado pelas autoridades e pelos mecanismos de caridade. A materialização destes conflitos em dinâmicas próprias de movimentos sociais rurais, através da prática de greves organizadas e reivindicações coletivas politizadas, apresentam uma novidade na realidade laboral dos campos do Alentejo e, nesse sentido, merecem ser alvo de um estudo aprofundado. Nos primeiros anos da República os trabalhadores rurais já formam a maior força sindical a nível nacional. João Freire contabiliza 168 sindicatos de trabalhadores rurais para 1915, 40% do total de sindicatos no país naquele ano, com um número médio de 300 sócios por sindicato. O Alentejo é a região onde, no geral, mais sindicatos são constituídos: 193, representando 25% a nível nacional.