janeiro, 2022

14jan9:30 am7:30 pmMário DominguesMostra9:30 am - 7:30 pm Biblioteca Nacional de Portugal, Campo Grande, 83 — 1749-081 LisboaTipologia do Evento:Exposição

Fotografia do Mário Domingues publicada no jornal Ilustração a 28 de Fevereiro de 1928.

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Detalhes do Evento

Mostra sobre a vida e obra de Mário Domingues, nas suas diversas facetas, co-organizada pelo IHC e ICS — ULisboa e que estará patente na BNP até 14 de Março.

 

Mário Domingues. Anarquista, cronista e escritor da condição negra

14 de Janeiro a 28 de Março de 2022

 

A mostra centra-se na obra de rebelião negra de Mário Domingues, jornalista, cronista e escritor, realizada com palavras, argumentos e uma história de coragem no Portugal de há um século. Nascido na antiga colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe, a 3 de Julho de 1899, Mário Domingues, com apenas 20 anos de idade, começou a escrever regularmente no diário anarco-sindicalista A Batalha e noutros periódicos, e destacou-se como um dos primeiros a defender abertamente, em Lisboa, a independência das colónias portuguesas em África. São textos onde o jovem Mário Domingues, adotando a causa libertária, se manifestou contra a exploração dos trabalhadores, a dominação colonial, o racismo, a opressão sobre as mulheres e a tirania política do colonialismo moderno, em defesa da dignidade, da cultura e das organizações da população negra e africana.

«Colonização», publicado a 9 de Setembro de 1919 em A Batalha, inaugurou um caminho de Mário Domingues no diário lisboeta, que o conduziu, nos últimos anos da Primeira República portuguesa, a ser a voz mais audível na esfera pública contra o racismo, pela emancipação dos negros e de oposição cívica e moral ao colonialismo português. Um caminho que percorreu como pôde e enquanto pôde, publicando um vasto conjunto de artigos e de obras de ficção, até à instauração da repressão às liberdades, da perseguição policial, administrativa e judicial e da imposição da censura oficial por parte do regime do Estado Novo de Salazar, que institucionalizou a ditadura e fortaleceu o projeto colonial uns anos depois do golpe militar de 28 de Maio de 1926.

Com a instituição do regime ditatorial de Salazar, seguiu na vida intrépida e insegura de subsistir da venda dos livros que escrevia. A extraordinária pseudonímia de Mário Domingues é sinal de um percurso empreendido num dos momentos mais decisivos da sua existência quando resolveu manter-se unicamente como escritor profissional, audácia que o terá levado a dissimular-se sob pseudónimos estrangeiros, com os quais assinou mais de uma centena de romances policiais e de aventuras extraordinárias.

A presente mostra traz a público, por meio de documentos, fotos e da reprodução de artigos de imprensa e de livros, a vida e obra de Mário Domingues, nas suas diversas facetas: a de grande expoente, durante a Primeira República, do movimento negro em Portugal e da oposição moral e política ao imperialismo e ao colonialismo português no jornal A Batalha; a de jornalista negro no Detective e no Repórter X; a de novelista e romancista; a de escritor de livros de aventura e evocações históricas. Voltar à história e às publicações de Mário Domingues pode alumiar as regiões obscurecidas do que ficou recalcado na memória e ajudar a compreender o âmago do que significou a dominação imperial moderna. Cerca de um século depois de terem sido escritos e difundidos, é tempo de os textos e de a figura de Mário Domingues serem conhecidos, discutidos e estimados.

 

Curadores:

José Luis Garcia (ICS — ULisboa)
Tânia Alves (ICS — ULisboa)
José Neves (IHC — NOVA FCSH)

 

Cartaz da mostra "Mário Domingues. Anarquista, cronista e escritor da condição negra"

 

Tempo

(Sexta-feira) 9:30 am - 7:30 pm

Localização

Biblioteca Nacional de Portugal

Campo Grande, 83 — 1749-081 Lisboa

Organizador

Instituto de História Contemporânea da Universidade NOVA de Lisboa e Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

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