abril, 2025
Detalhes do Evento
Congresso sobre o papel das forças armadas portuguesas e de seus adversários desde a guerra colonial ao período de transição para as independências. Prazo: 15 Janeiro 2025 Das Guerras
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Detalhes do Evento
Congresso sobre o papel das forças armadas portuguesas e de seus adversários desde a guerra colonial ao período de transição para as independências. Prazo: 15 Janeiro 2025
Das Guerras ao Pós-25 de Abril:
Os Militares em Territórios em Convulsão
Hoje, cinco décadas após o 25 de Abril, impõe-se uma reflexão mais profunda sobre a actuação dos militares portugueses nas então colónias. Os condicionamentos decorrentes da nova situação política levaram os militares mobilizados a actuar de forma díspar, em rendições, combates ou negociações. Também os movimentos de libertação foram agindo de forma igualmente díspar num turbilhão de acontecimentos que se sucediam vertiginosamente. Entretanto, novas forças surgiam nos teatros de operações.
O colóquio internacional Das Guerras ao Pós-25 de Abril: Os Militares em Territórios em Convulsão – 2 a 4 de Abril de 2025 – procurará analisar o papel das forças armadas portuguesas e de seus adversários desde os tempos dos conflitos ao período de transição para as independências (Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor). Propõe-se também explorar a entrada em cena de novos actores militares (por exemplo, Cuba, África do Sul) e o tipo de interacção mantido com os militares portugueses.
Chamada para comunicações
O tempo decorrido sobre a guerra colonial, ou as guerras de libertação, e a consequente sedimentação da inevitabilidade das independências – que se vão tornando distantes – vão relativizando sentimentos e expurgando o carácter panfletário de muitas das opiniões e dos juízos emitidos, por vezes sem fundamento, acerca da situação e das possibilidades de actuação dos militares portugueses, nos territórios ainda colonizados, antes e após o 25 de Abril de 1974.
Entre ensaios, monografias e memórias, já muito se escreveu sobre a guerra colonial ou sobre as guerras de libertação, assim como sobre a descolonização. Decerto, muitas questões ainda podem e devem ser discutidas – parafraseando Valentim Alexandre, não podia haver descolonização exemplar porque tal teria como premissa uma colonização exemplar –, mas importa uma reflexão mais profunda e justa sobre a actuação dos militares ao longo dessas várias guerras. Os militares estavam obviamente condicionados nas suas noções de autoridade e de missão, bem como na sua operacionalidade, tanto pela conjuntura internacional quanto pela repercussão de novos paradigmas políticos, que alastravam entre oficiais, sargentos e praças. Atente-se, por exemplo, na intermitência dos combates, na diversidade dos terrenos, nas reacções das populações, na multiplicidade de adversários e suas tácticas e armamentos. Independentemente do sentimento do imperioso cumprimento de um dever, inevitavelmente emergiria a percepção de que a beligerância se arrastava para um fim sem sentido.
Como já sucedia antes, a cada dia decorrido sobre o 25 de Abril, tal pesaria sobremaneira na decantação do juízo do nulo sentido político de acções militares. De permeio com mudanças na cadeia de comando e na operacionalidade, militares de diferentes condições e responsabilidade moveram-se em várias (e, nalguns casos, inusitadas) direcções, guiando-se por díspares motivações, decisões e estratégias, também na medida em que isso era política e militarmente possível. Se alguns ensaiaram como desígnio militar ganhar tempo até à definição política de Lisboa relativamente à independência das colónias, outros julgaram-se obrigados a agir quase disruptivamente para acelerar tal definição, forçando a mão dos decisores metropolitanos. Previsivelmente, as acções armadas coexistiram com encontros e acordos informais de tréguas com forças guerrilheiras dos movimentos.
Não obstante, os militares tiveram de lidar, nalguns casos, com o recrudescimento das acções armadas dos movimentos de libertação nos meses seguintes ao 25 de Abril. Com efeito, os militares portugueses foram sujeitos a acções armadas que, visando-os enquanto força do colonizador – com a justificação de circunstância de que se pretenderia democratizar em Portugal e prosseguir a colonização –, buscavam a conquista da melhor posição para garantir o acesso ao poder após a independência, em prejuízo de outros movimentos ou de meros concidadãos.
Se a guerra já se revelara um fardo pesado, após o 25 de Abril, a situação não foi menos desafiante: a actuação dos militares tornou-se variada, desde o desinteresse por acções armadas até à mobilização para conter tentativas restauracionistas ou para, sem sucesso, impor a paz, o que, por exemplo, não foi conseguido no turbilhão de Angola.
Sob pressão da eclosão e propagação de conflitos raciais e, depois, de violentíssimos confrontos, em que condições foi possível manter, ou não, uma coesão mínima? Como é que o comando e a capacidade operacional se mantiveram, ou se corroeram, no confronto entre o desejo de regressar “são e salvo” e a adesão aos projectos de construção nacional nos novos territórios, entre outras motivações?
Os militares desdobraram-se em actuações díspares: além de rendições inesperadas, ações ofensivas, negociações para o estabelecimento de acordos de cessar-fogo e de paz, actuação conjunta com forças dos movimentos, ou de uma das facções, suporte aos movimentos, sem esquecer ações de retaliação pela prisão de soldados portugueses.
Este Colóquio Internacional Das Guerras ao pós-25 de Abril: Os Militares em Territórios em Convulsão acolherá análises do papel das forças armadas portuguesas e de seus adversários desde os tempos dos conflitos ao período de transição para as independências (Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor).
Atenta a evolução nalguns territórios no sentido de uma acrescida internacionalização de seus diferentes conflitos, o Colóquio acolherá também contribuições que se proponham explorar a entrada em cena de novos atores militares (por exemplo, Cuba, África do Sul) e o tipo de interação mantido com militares portugueses.
Línguas de trabalho
Português, castelhano, francês e inglês
Eixos temáticos
- Os cursos das guerras e a gestação de perceções políticas entre os militares
- Actuações na governação dos territórios ultramarinos
- Percepções políticas nas forças militares e coesão no terreno
- Filiações político-ideológicas e actuação junto de civis
- As especificidades dos processos de descolonização dos vários territórios
- A condição das tropas lealistas
- Elementos incorporados localmente: trajectórias do pré ao pós-25 de Abril
- Interacções entre militares portugueses e corpos militares estrangeiros
As propostas de comunicação, em *docx, entre 180 a 200 palavras, deverão ser enviadas para o endereço guerra25abril@letras.ulisboa.pt até 15 de Janeiro de 2025. As propostas devem ser acompanhadas de uma nota biográfica com 100 palavras.
Comissão Organizadora
Ana Mónica Fonseca (CEI, ISCTE-IUL)
Augusto Nascimento (CH-ULisboa)
Catarina Laranjeiro (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
João Vieira Borges (CPHM; CH-ULisboa)
Pedro Aires Oliveira (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
André Morgado (secretariado) (CH-ULisboa)
Comissão Científica
Ana Mónica Fonseca (CEI, ISCTE-IUL)
Augusto Nascimento (CH-ULisboa)
Aurora Almada e Santos (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Catarina Laranjeiro (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Edalina Sanches (ICS — ULisboa)
João Fusco Ribeiro (CICP)
João Vieira Borges (CPHM; CH-ULisboa)
Luís Barroso (IUM)
Pedro Aires Oliveira (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Sílvia Correia (FLUP)
Sílvia Roque (CES; UÉ)
Vasco Martins (CES)
Víctor Barros (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Instituições organizadoras
Instituto de História Contemporânea — Universidade Nova de Lisboa
Centro de História da Universidade de Lisboa
Comissão Portuguesa de História Militar
Centro de Estudos Internacionais do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa
Tempo
abril 2 (Quarta-feira) - 4 (Sexta-feira)
Organizador
Várias instituições