abril, 2026

Detalhes do Evento
Congresso que tem como objectivo discutir a forma como a nova extrema-direita do século XXI se posiciona em relação ao legado do fascismo clássico. Prazo: 4 Janeiro 2026 Do
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Detalhes do Evento
Congresso que tem como objectivo discutir a forma como a nova extrema-direita do século XXI se posiciona em relação ao legado do fascismo clássico. Prazo: 4 Janeiro 2026
Do Fascismo ao Neofascismo?
(Des)Continuidades entre o Fascismo Clássico e a Extrema-Direita do Século XXI
Está em curso o debate sobre a natureza política, ideológica e social da extrema-direita contemporânea, especialmente a que está ativa no século XXI. O debate académico, neste caso mais do que noutros, acompanha de perto o debate público sobre os desenvolvimentos políticos que são percecionados como tendo consequências dramáticas para o futuro. Um grande número de explicações foi proposto e uma ampla gama de conceitos oferecida, aplicáveis a casos específicos, sejam eles de âmbito nacional ou regional, ou ao próprio fenómeno global — porque, e isto é importante, é um fenómeno global com o qual estamos a lidar. Tal como o fascismo há cem anos. Os/as investigadores/as são quase sempre forçadas a tomar uma posição sobre a questão das continuidades (Finchelstein, 2019; Palheta, 2022) e das descontinuidades (Forti, 2024) entre, por um lado, o fascismo clássico (1922-1945) e o que eram naquela época outros fenómenos ultrarreacionários que, no período entre guerras, se tornaram subprodutos do fascismo através do processo de fascização e, por outro lado, as novas formas adotadas pela extrema- -direita desde 1945 e, sobretudo, desde a viragem do século XX para o século XXI. Em nome da urgência de uma abordagem científica ao que parece ser a crise mais grave dos sistemas liberais desde a década de 1930, pretendemos neste congresso discutir a forma como a nova extrema-direita do século XXI se posiciona em relação ao legado do fascismo clássico, porque “precisamos de explicar a continuidade entre o fascismo histórico e o populismo de direita contemporâneo como uma radicalização da política pós- -liberal baseada na erosão da participação democrática e no surgimento de uma nova política do medo” (Woodley, 2010).
Em consonância com esta posição, o congresso acolherá, também, estudos sobre as culturas políticas antifascistas, a começar pelas que surgiram em reação à onda fascista da década de 1930 e ao seu sucesso político (Kallis, 2015). O objetivo aqui é dar espaço a estudos sobre as diversas formas de resistência ao fascismo. O antifascismo é também um movimento transnacional (Traverso, 2004) e não perdeu a sua eficácia política em 1945, nem se tornou uma comunidade de memória de um passado encapsulado no tempo. Ele ressurgiu nos últimos 80 anos sempre que a extrema-direita reapareceu com força. Como é o caso dos nossos dias.
Neste sentido, o congresso acolherá propostas de artigos e painéis nas seguintes áreas possíveis:
(i) Fascismo(s), neofascismo, extrema-direita, reação e modernidade. Conceitos e teoria.
(ii) A nação, o Ocidente, a supremacia branca: cem anos de visões de mundo da extrema-direita.
(iii) Hipermasculinidade, antifeminismo e misoginia: reprodução social e fascismo.
(iv) Cem anos de cultura política de extrema-direita: continuidades, descontinuidades, adaptação, redes. (v) Fascismo, neofascismo e o(s) outro(s): especificidades da articulação política que o fascismo e a extrema-direita global fazem da xenofobia e do racismo.
(vi) Partido, Estado, movimentos, milícias, bem-estar social, associações. A dimensão organizacional da extrema-direita.
(vii) Violência, guerra e genocídio: extrema-direita e ação política.
(viiii) Fascismo e crise: contexto e causalidade dos impulsos da extrema-direita na história.
(ix) O antifascismo como cultura política transnacional: resistir ao fascismo, preservar a democracia, reconstruir a democracia, da década de 1920 à década de 2020. Interseções com o anticolonialismo, o antirracismo e o feminismo.
(x) Neofascismo, extrema-direita e antifascismo na memória coletiva: usos do passado, memória, «guerra cultural» e ação política.
Submissão de propostas:
As propostas de comunicação (que devem ser redigidas em inglês) devem ser enviadas para o endereço congresso.neo.fascismo.2026@gmail.com com um título, um resumo (máximo de 350 palavras), uma curta nota biográfica e informações de contacto até 4 de Janeiro de 2026.
Aceitamos propostas de comunicação ou de painéis. Também aceitamos propostas de intervenções criativas/artísticas baseadas numa interseção interdisciplinar com as ciências sociais, que serão sujeitas a revisão por pares, da mesma forma que as propostas de trabalhos e painéis. Neste caso, as propostas devem incluir uma descrição da performance (especificando os meios a utilizar e o tempo) e um resumo dos objetivos. A aceitação dependerá das possibilidades reais e práticas de integração no programa.
As apresentações devem ser feitas presencialmente em português, inglês ou espanhol. Não haverá apresentações online.
Notificação de aceitação até 8 de fevereiro de 2026. Não serão cobradas taxas de inscrição.
>> Descarregar a chamada para comunicações (PDF) <<
Comissão organizadora:
Manuel Loff (FLUP / IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) Luís Trindade (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Arturo Zoffmann (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Ana Sofia Ferreira (FLUP / IS — Universidade do Porto) Sílvia Correia (FLUP / IS — Universidade do Porto) Adriano Amaral (IS — Universidade do Porto)
Gabriela Azevedo (IS — Universidade do Porto)
Bruno Madeira (Universidade do Minho / Lab2PT / IN2PAST) Sérgio Neto (FLUP / CITCEM)
Afonso Silva (UAB / IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Carlos Martins (IS — Universidade do Porto)
Tempo
abril 27 (Segunda-feira) - 28 (Terça-feira)
Localização
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Via Panorâmica Edgar Cardoso — 4150-564 Porto
Organizador
Várias instituições
