Chamada aberta para a Aniki: Novos desafios da interatividade na criação narrativa

Nov 28, 2025 | Destaque

Novos desafios da interatividade na criação narrativa

Prazo: 15 de Fevereiro de 2026

A narrativa é considerada uma das mais importantes formas de apreensão cognitiva do ser humano, mas nos últimos tempos tem sofrido transformações significativas em virtude do desenvolvimento de novos suportes mediáticos, que geraram novos desenvolvimentos, possibilidades e desafios na relação com a forma narrativa e a sua criação.

Cada uma das inovações tecnológicas, desde a escrita até à imprensa, do vídeo aos jogos digitais, trouxeram mudanças na relação entre a forma narrativa e os seus públicos. A proliferação de ecrãs e o uso maciço de internet e dos smartphones possibilitaram o acesso individualizado a narrativas escritas, sonoras, audiovisuais e multimédia de uma forma personalizada, permanente e persistente. Esta evidência potenciou a expansão da convergência dos media e a emergência de narrativas transmedia e mundos ficcionais partilhados por diferentes plataformas e dispositivos, que podem impactar realidades sociais, culturais e políticas. A narrativa mudou do domínio do contador de histórias para um processo marcado por reciprocidade, negociado entre autor e recetor.

Por outro lado, a interatividade, e a consequente promoção do recetor a agente da narrativa, introduziram múltiplos desafios à Narratologia e têm obrigado a uma reconfiguração profunda desta disciplina. A emergência de narrativas não lineares e multilineares exigiu perspetivas interdisciplinares mais abrangentes, por exemplo, a interatividade no cinema e na televisão promoveu a criação de artefactos híbridos que exigem ferramentas e métodos multidisciplinares adaptados aos seus modos únicos de expressão e processos narrativos. Por outro lado, também as narrativas criadas para plataformas de media digitais estabelecem vínculos com a narrativa cinematográfica e a própria literatura, no âmbito da intertextualidade, da estética e das estruturas narrativas. Origens semelhantes podem ser associadas ao teatro, aos jogos analógicos e a muitas outras formas, que conduzem a novos processos de criação de narrativa interativa e de produção de sentido por parte do público.

A estes desafios somam-se a facilidade e massificação da produção de narrativas. Dispositivos do quotidiano, aplicações gratuitas e inteligência artificial são suficientes para gerar narrativas de elevada sofisticação, que podem potencialmente atingir milhões de pessoas, mas também podem ser ignoradas ou rapidamente esquecidas. Deste modo, as narrativas têm sido também desvalorizadas, apesar do seu uso na educação, entretenimento, campanhas mediáticas, propaganda e engenharia social.

Este dossiê procura refletir de que forma elementos sociais, tecnológicos e culturais têm transformado a própria criação de narrativas, na sua relação com os suportes em que se baseiam e na relação que estabelecem com a atenção, interação e agenciamento do público. Estes tópicos poderão ser explorados na sua aplicação em diferentes media e campos, como fóruns online, fandom, movimentos sociais, dispositivos móveis, media imersivos, jogos, etc.

 

Assim sendo, os artigos podem incidir, ainda que não exclusivamente, nas seguintes linhas de investigação:

— Processo de criação de narrativas interativas em filmes, jogos digitais, microdramas, webseries, intermedia e outras plataformas digitais;
— Ferramentas de IA da próxima geração na produção de narrativas;
— O impacto da globalização dos media na construção narrativa;
— Desenvolvimento de novos formatos narrativos;
— Modos de interação na narrativa;
— Narratologia perante os novos desafios da cultura digital;
— O impacto das redes sociais na construção da narrativa;
— Conteúdos narrativos como componente cada vez mais fulcral das redes sociais;
— Modalidades de representação e identidade nas narrativas interativas;
— Avaliação e usabilidade nas narrativas interativas;
— Narrativas interativas como ferramentas de marketing e propaganda;
— Utilização das narrativas no norte e sul globais e por povos indígenas ou grupos marginalizados;

 

Este dossier temático é coordenado por Francisco Merino (Universidade da Beira Interior), Jorge Palinhos (Escola Superior Artística do Porto) e Joshua A. Fisher (Ball State University).

Francisco Merino é natural de Viseu, tendo-se licenciado e doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade da Beira Interior. É docente dos cursos de Cinema da Universidade da Beira Interior desde 2006 e dirigiu o curso de Licenciatura em Cinema entre 2016 e 2020. A sua investigação centra-se em temas relacionados com Televisão e Novos Meios, Cinema Expandido, Novos Cinemas e Digital Storytelling.

Jorge Palinhos é autor, investigador e docente. Tem colaborado com diferentes entidades no desenvolvimento de peças de teatro, radiofónicas, site-specific, intermédia, imersivas e para realidade virtual. Escreveu e colaborou em guiões para várias obras de imagem real e animação. É docente da Escola Superior Artística do Porto e do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, e investigador do Centro de Estudos Arnaldo Araújo.

Joshua A. Fisher é professor associado na Ball State University, no Center for Emerging Media Design and Development. Tem focado as suas investigações em narrativa interativa e na comunidade através de IA e media imersivos. É editor dos volumes Augmented and Mixed Reality for Communities e An Educator’s Guide to Interactive Digital Narrative. Tem publicado as suas investigações em Frontiers in Virtual Reality, Journal of Interactive Narrative, e Journalism Practice, bem como nas atas da International Conference on Interactive Digital Storytelling (Springer), ACM Foundations of Digital Games, IEEE Conference on Games, e da International Conference of the Learning Sciences.

 

O prazo para submissão de artigos completos e originais é 15 de Fevereiro de 2026.

Os artigos recebidos serão sujeitos a um processo de seleção (pelos editores) e revisão cega por pares (por avaliadores externos). Os textos devem ter até 8000 palavras e incluir, em português e inglês (e também em espanhol, se essa for a língua do texto): um título, um resumo de até 300 palavras e um máximo de 6 palavras-chave.

Antes de submeter o seu artigo, por favor consulte todas as instruções aqui.

Em caso de dúvida, por favor, contacte: aniki@aim.org.pt.

 

Algumas referências bibliográficas sugeridas:

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  • Bellini, Mattia.2022. “Interactive digital narratives as complex expressive means.” In Frontiers in Virtual Reality 3. 854960. https://www.frontiersin.org/journals/virtual-reality/articles/10.3389/frvir.2022.854960/full
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  • Chinita, Fátima & Palinhos, Jorge. (ed.) 2024. Ekphrasis, vol.31/1. Reconfigurations: New Narrative Challenges in Moving Images. Cluj-Napoca: Babeș-Bolyai University. https://www.ekphrasisjournal.ro/docs/R1/31e0.pdf
  • Domsch, Sebastian. 2013. Storyplaying- Agency and Narrative in Video Games. Berlin: De Gruyter.
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  • Murray, Janet. 2017. Hamlet on the Holodeck. Updated edition. Boston: MIT.
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  • Koenitz, H., Barbara, J., & Bakk, A. K. 2023. “An ethics framework for interactive digital narrative authoring.” In The authoring problem: Challenges in supporting authoring for interactive digital narratives (pp. 335-351). Cham: Springer International Publishing. https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-031-05214-9_21
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  • Silva, Cláudia. 2023. “Fighting against hate speech: a case for harnessing interactive digital counter-narratives.” In International Conference on Interactive Digital Storytelling. Cham: Springer Nature Switzerland, 2023. https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-031-47655-6_10

 

 

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