dezembro, 2024
Detalhes do Evento
Workshop de Fim de Outono co-organizado pelo IHC e pela Drexel University. Vai explorar a materialidade da violência desde a história das ciências, da tecnologia e da história ambiental.
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Detalhes do Evento
Workshop de Fim de Outono co-organizado pelo IHC e pela Drexel University. Vai explorar a materialidade da violência desde a história das ciências, da tecnologia e da história ambiental.
Materialidades da violência, história e historiografia
A violência é um objecto fundamental da história. Há poucos temas com o poder da violência para decidir a relevância de um estudo histórico. Quem se atreve a duvidar da legitimidade de investigações sobre Auschwitz ou sobre o forte de São Jorge da Mina? De forma simétrica, sabemos que negar o papel da violência deixou um lastro importante entre historiadores e outros estudiosos. É o caso da corrente historiográfica sobre o Estado Novo que relega à condição menor de historiadores militantes todos aqueles que identificam a ditadura de Salazar com o fascismo. Os debates são justificadamente acesos quando se discute e compara o número de mortos, de presos torturados, ou de trabalhadores forçados. Mas escrever desde o Antropoceno incita-nos a considerar também violências históricas na forma de solos erodidos, incêndios florestais, grandes infraestruturas, processos de extinção ou epidemias. Afinal, como compreender Auschwitz e a sua violência ignorando que o projecto colonial nazi implicava a transformação ambiental de toda a Europa de Leste? Ou, mais perto, como discutir a violência do Estado Novo e ignorar os eucaliptos em latifúndios, os pinheiros nos baldios, as barragens alagando vales férteis, ou a multiplicação de bairros de lata?
Neste workshop exploramos a materialidade da violência desde a história das ciências, da tecnologia e da história ambiental. Testa-se, por meio de uma concepção mais alargada de violência, a relevância historiográfica destes campos. Que formas históricas de violência emergem ao investigarmos humanos e não-humanos? Pode a atenção à violência de projectos de transformação ambiental e das suas formas de organização do trabalho pôr em causa a separação entre colónia e metrópole, ou entre colonização imperial e colonização interna? Que escalas temporais sugeridas pelos não-humanos (florestas, solos, betão, latas…) revelam dinâmicas de violência tendencialmente ignoradas na historiografia? Que corpos de conhecimento (estatísticas, literatura, medicina, etnografia, …) constituíram a violência enquanto realidade com consequências históricas?; ou, dito de outra forma, qual a ontologia histórica da violência?
A participação neste workshop é aberta, mas necessita de inscrição prévia. Para participar, por favor, enviar um email para martamacedo@fcsh.unl.pt.
>> Programa (PDF) <<
Programa:
19 de Dezembro
09:30-10:30 | Miguel Carmo, Grande Sertão: Monchique. As paisagens de fogo das serras do sul e os seus inimigos modernos (1833-1988)
10:40-11:40 | Marta Macedo, As mulheres da Serra d’Arga: Estado Novo e regimes de violência
11:50-12:50 | José Miguel Ferreira, Ocupar e cultivar: os comandos militares como tecnologia de governo colonial
14:30-15:30 | Maria do Mar Gago, Materializando a resistência dos Bakongo, 1961. Cafeteiros, florestas e a violência dos historiadores
15:40-16:40 | Sara Albuquerque, A produção de conhecimento científico entre violências: os casos das expedições de Frederico Welwitsch em Portugal e Angola
16:50-17:50 | Ricardo Roque, Em guerra com a natureza?: o colonialismo dentro do panóptico tropical
20 de Dezembro
9:30-10:30 | Frederico Ágoas, Ciência, confissão e a “polícia das famílias”: o inquérito sociológico na afirmação do serviço social
10:40-11:40 | Paulo Lima, A ‘Guerra da Reforma Agrária’
11:50-12:50 | Elisa Lopes da Silva, Que força é essa? Desemprego, trabalho e coerção
14:30-15:30 | Henrique Oliveira, Violência na Paisagem: Realojamentos na Construção da Ponte sobre o Tejo
15:40-16:40 | Inês Gomes, Entre a lã e o frio: O ideal e o concreto na casa portuguesa
16:50-17:50 | Tiago Saraiva, Violência e Agência: O SAAL no Algarve
18:00-18:45 | Conclusões
Tempo
19 (Quinta-feira) 9:30 am - 20 (Sexta-feira) 6:45 pm
Organizador
Instituto de História Contemporânea — NOVA FCSH e Drexel University