junho, 2019

26jun6:00 pm8:00 pmPelas ruas vagueiam cães danados, passeiam cães amigosNovos Estudos & Novos Olhares Sobre a Cidade - III Ciclo6:00 pm - 8:00 pm Museu de Lisboa - Palácio Pimenta, Campo Grande 245, 1700-091 LisboaTipologia do Evento:Ciclo,Conferência

Detalhe do cartaz da conferência

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Detalhes do Evento

Quinta sessão do terceiro ciclo de conferências sobre a história de Lisboa, organizado por Daniel Alves (IHC) e Rosa Maria Fina (CLEPUL) e acolhido pelo Museu de Lisboa. Com Inês Gomes.

 

Novos estudos & Novos olhares sobre a cidade: Lisboa do Terramoto à Revolução de Abril
III Ciclo de Conferências

 

Pelas ruas vagueiam cães danados, passeiam cães amigos:
companheiros ou praga na Lisboa do século XIX?

Inês Gomes (CIUHCT – FCUL)

 

A historiografia portuguesa, com poucas excepções, e ao contrário do que tem acontecido nos Estados Unidos e em outros países europeus, não tem dado centralidade aos animais não-humanos como sujeitos culturais. Todavia, também em Portugal, no contexto urbano, tanto as posturas municipais, quanto os relatos de estrangeiros, indiciam uma relação conflituosa entre habitantes humanos e não-humanos que moldou os quotidianos das cidades. De facto, o grande desenvolvimento de Lisboa no século XIX implicou uma gestão da coabitação destes diferentes habitantes da capital portuguesa.

Esta comunicação procurará identificar e descrever alguns dos actores que se envolveram na problemática da gestão da vida quotidiana na cidade de Lisboa no que concerne às interações entre cães e lisboetas na segunda metade do século XIX, quando o amistoso e útil cão se tornou um potencial inimigo para a saúde pública. Visões diferentes colidiram em relação às medidas que deveriam ser tomadas para controlar os cães vadios, potencialmente propensos à raiva, interagindo na delineação das políticas urbanas. A cidade não era vista, apenas, como um lugar onde os cães com raiva deveriam ser erradicados, mas, também, como um local de violência contra os animais, em geral, e contra os cães, especificamente. Como moldaram os cães o espaço da cidade e as práticas dos seus habitantes ao longo do tempo no contexto dos esforços políticos para controlá-los e excluí-los? Como podem as pragas urbanas contribuir para a compreensão da história da cidade? Estas são algumas das questões que se pretende discutir.

 

Sobre a oradora:
Inês Gomes (CIUHCT-FCUL) é doutorada em História e Filosofia das Ciências (FCUL), mestre em Georrecursos (IST) e licenciada em Biologia (FCUL). É, desde 2017, investigadora de pós-doutoramento no CIUHCT.

A sua investigação iniciou-se na área da ecologia, tendo-se debruçado no doutoramento, defendido em 2015, sobre o património científico, que, de uma forma geral, se encontra numa situação de grande vulnerabilidade, desconhecendo-se o que existe, onde existe e qual o seu estado de conservação. Em particular, a sua tese centrou-se sobre a génese e evolução das colecções escolares de história natural associadas aos liceus portugueses, à luz da história das ciências e da educação, partindo da cultura material como ferramenta para aprofundar o conhecimento da prática científica e pedagógica. Aspectos ligados à forma como as colecções de história natural foram utilizadas, assim como a sua importância actual, quer para as respectivas instituições, quer para a comunidade científica e para a sociedade portuguesa, em geral, foram, igualmente, centrais no projecto desenvolvido.

Mais recentemente, tem estado envolvida em projectos na área da história ambiental e da história urbana das ciências, nomeadamente nos projectos “Introductions, invasions and control measures of plant pests in Southern Europe. An interdisciplinary comparative approach from the 19th century onwards” e “Visions of Lisbon: Science, Technology and Medicine and the Making of a Techno-Scientific Capital, 1870-1940”.

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Cartaz da conferência "Pelas ruas vagueiam cães danados, passeiam cães amigos"

 

ENTRADA LIVRE

Sobre o ciclo:
Não se pode dizer que a investigação académica sobre Lisboa alguma vez tenha passado de moda, afirma-se um contínuo olhar sobre a cidade e descobre-se nela, no seu espaço e nas suas gentes, motivos para novos estudos todos os anos. A perspectiva deste ciclo de conferências é, por isso, a de renovar esse olhar apresentando e discutindo trabalhos, textos, projectos que têm Lisboa como cenário ou Lisboa como actriz. E são estas duas visões que enquadram os estudos que fazem parte deste ciclo de conferências: por um lado, caracterizar a vivência quotidiana, a sociabilidade e as dinâmicas culturais, sociais ou políticas daqueles que viveram ou passaram pela cidade; por outro lado, analisar o seu espaço físico, o seu pulsar urbano, as suas transformações. Estes dois olhares, porém, não os queremos fixos numa determinada época, antes os estendemos num arco de mais de dois séculos, procurando abarcar a História de Lisboa do século XVIII ao século XX. Queremos que sejam também histórias nunca antes contadas sobre Lisboa e os lisboetas, queremos apelar à imaginação dos que vierem assistir e queremos que venham debater connosco cada um dos temas propostos.

Tempo

(Quarta-feira) 6:00 pm - 8:00 pm

Localização

Museu de Lisboa - Palácio Pimenta

Campo Grande 245, 1700-091 Lisboa

Organizador

Instituto de História Contemporânea da Universidade NOVA de Lisboa, Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Museu de Lisboa

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