Portugueses sujeitos a trabalho forçado na Alemanha nazi evocados em exposição, colóquio e doação à Biblioteca Nacional
Nov 16, 2017 | Notícias
O projecto internacional “Trabalhadores forçados portugueses no Terceiro Reich” está na sua fase de conclusão, assinalada com uma grande exposição no Centro Cultural de Belém, um colóquio no Goethe-Institut de Lisboa e a doação de uma obra inédita à Biblioteca Nacional de Portugal.
A exposição Os Trabalhadores Forçados Portugueses no III Reich traz pela primeira vez a público o debate científico sobre as centenas de trabalhadores forçados portugueses apanhados nas malhas do regime alemão. Em declarações à Agência Lusa, Cláudia Ninhos, membro da equipa, destacou que “O mais interessante da exposição são as pessoas. São as imagens das pessoas porque são vítimas esquecidas”.
Na exposição estarão patentes fotografias, objectos pessoais e documentação, sobretudo do International Tracing Service da Alemanha, que mostram os percursos individuais dos portugueses. É inaugurada no dia 17 de Novembro, às 18h00, no Centro de Congressos e Reuniões do Centro Cultural de Belém, e estará patente até 22 de Janeiro de 2018.
No dia seguinte, sábado, no Auditório do Goethe-Institut de Lisboa, realiza-se o colóquio Trabalho forçado na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, onde estarão presentes alguns dos principais especialistas mundiais em trabalho forçado, dos quais se destaca Ulrich Herbert, da Universidade de Friburgo.
O dia terminará com a performance “O Ódio é uma falta de imaginação. Uma colagem literária – um testemunho encorajador”, concebida por Michael Lahr e que conta com a participação de Jolana Blau, sobrevivente do campo de concentração de Theresienstadt.
Fruto do trabalho de investigação do projecto, foi identificada a obra A morte Lenta: memórias dum sobrevivente de Buchenwald, da autoria de Émile Henry, o primeiro e único livro publicado originalmente em português, na primeira pessoa, sobre uma história de vida nos campos de concentração do III Reich. Este livro foi agora oferecido à Biblioteca Nacional de Portugal pela filha do autor, Christine Henry, e está em destaque na instituição.
Este projecto iniciou-se há cerca de três anos, com coordenação de Fernando Rosas, e termina, assim, com uma acção de resgate da memória e de responsabilidade social e um repositório nacional de trabalhadores nacionais sujeitos ao trabalho forçado no regime nazi. Já em Maio, o IHC-NOVA FCSH e o Ministério dos Negócios Estrangeiros tinham homenageado, em Mauthausen, as vítimas portuguesas do terror nazi.
Fazem parte da equipa do projecto Ansgar Schaefer, Cláudia Ninhos, António Carvalho, Cristina Clímaco e António Muñoz. O mesmo foi financiada pela fundação alemã EVZ – Erinnerung, Verantwortung, Zukunft (Memória, Responsabilidade, Futuro) – especializada no financiamento de projectos de investigação sobre o trabalho forçado na Alemanha -, pelo Goethe-Institut de Lisboa e pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da NOVA.
Notícia – Diário de Notícias
Notícia – Biblioteca Nacional de Portugal
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O objectivo deste seminário é tentar analisar as experiências de duas lutas pela “descolonização” ou reforma dos currículos para ‘estudos africanos’ que aconteceram em instituições africanas de ensino superior. Analisaremos primeiro o caso da Universidade de Dar es Salaam nas décadas de 1960 e 1970, e segundo o caso da Universidade pós-apartheid da Cidade do Cabo (UCT), no final da década de 1990. A questão fundamental é, em que deve consistir um conteúdo programático adequado para o ensino das histórias africanas, e como deve ser ensinado? Construir um currículo que satisfaça os critérios pedagógicos, políticos e científicos que lhe serão exigidos, enfrenta uma dificuldade fundamental, nomeadamente o fato indiscutível de que a própria história africana, como disciplina acadêmica, ainda não foi totalmente descolonizada. A existência de múltiplos ‘Centros de Estudos Africanos’ no hemisfério norte é testemunho do papel predominante de revistas e programas de pesquisa norte- americanos e europeias na produção e também na curadoria de conhecimentos históricos sobre a África. Além disso, mesmo em países africanos, as lutas pela reforma do currículo não têm sido necessariamente tão bem sucedidas quanto se esperava – romper com as epistemologias eurocêntricas dominantes revelou-se uma tarefa difícil.
Sobre o orador:
Colin Darch — Historiador, sociólogo e documentalista académico sul-africano, reformado desde 2014, com vasta experiência de trabalho em universidades e centros de investigação: na Etiópia (1971-1974), Tanzânia (1975-1978), Moçambique (1979-1987), Zimbabué (1987-1991) e também no Brasil (1991-1992 e 2016). Formação pós-graduada como bibliotecário e documentalista; doutorado em história da Rússia pela Escola de Análise Social e Económica da Universidade de Bradford (Reino Unido). De 1997 a 2000, trabalhou como bibliotecário e documentalista no Consórcio de Bibliotecas do Cabo (CALICO, Cidade do Cabo); de 1992 a 1997, foi Professor da Universidade do Cabo Ocidental da Cidade do Cabo; de 2000 a 2013, foi Professor na Universidade do Cabo; de 2014 a 2023, foi Investigador Associado Honorário, da Unidade de Governança Democrática e Direitos, na Universidade da Cidade do Cabo. De 2017 a 2023 foi Investigador Honorário do Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas, na Cidade do Cabo. Das obras mais recentes, destacam-se: “Voices of Liberation: Samora Machel. Leader and Liberator in Southern Africa“, editado com David Hedges (HSRC, 2024); “A Dictionary of Mozambican History and Society“, com Amélia Neves de Souto (HSRC, 2022); e “Nestor Makhno and Rural Anarchism in Ukraine, 1917-1921” (Pluto Press, 2020).
Tempo
(Sexta-feira) 5:30 pm - 7:00 pm
Localização
NOVA FCSH, Colégio Almada Negreiros, Sala 209
Campus de Campolide da NOVA — 1099-085 Lisboa
Organizador
Instituto de História Contemporânea — Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboacomunicacao.ihc@fcsh.unl.pt Avenida de Berna, 26C — 1069-061 Lisboa
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