Seminário de investigação do grupo de História Política Comparada. Com Pedro Cerdeira, sobre sobre os regulados na Guiné-Bissau no período do colonialismo tardio.

A permanente negociação:

administradores e régulos no concelho de Cacheu (Guiné-Bissau, 1961-1974)

Esta comunicação debruça-se sobre os regulados na Guiné-Bissau no período do colonialismo tardio (1961-1974), a partir do caso do concelho de Cacheu. Os regulados (chefaturas africanas) são uma criação do estado colonial a partir da apropriação de estruturas de poder locais, de forma a possibilitar a concretizar a presença de uma administração com poucos recursos. Assim, os régulos ocupam um lugar intermédio entre a administração colonial e as populações colonizadas, devendo colaborar em tarefas como o recenseamento da população e a cobrança de impostos. Em primeiro lugar, vou apresentar a criação dos regulados na Guiné-Bissau e as alterações que a instituição sofre com a abolição do indigenato, em 1961. Em segundo lugar, analiso as estratégias de cooptação postas em práticas pelo estado colonial para a promoção da lealdade e obediência dos régulos. O estado colonial compromete os régulos em tarefas como a cobrança de impostos, da qual eles beneficiam diretamente, recebendo percentagens dos impostos que ajudam a coletar. Finalmente, irei apresentar algumas trajetórias individuais de régulos, como forma de demonstrar que as posturas assumidas por estes indivíduos são múltiplas. As ambiguidades dos régulos relativamente ao estado colonial e ao contexto em que se movem obrigam a
uma permanente negociação da sua posição.

Orador: Pedro Cerdeira (Universidade de Genebra)
Chargé d’enseignement na Universidade de Genebra (Suíça), onde se encontra a terminar o doutoramento em história sobre a administração local na Guiné-Bissau no período do colonialismo tardio.

Comentadora: Aurora Almada e Santos (IHC — NOVA FCSH)
Investigadora doutorada do IHC — NOVA FCSH. O seu eixo de investigação é a descolonização portuguesa.