november, 2024
Event Details
This activity is part of the programme for the 2024 edition of Science and Technology Week, promoted by the Ciência Viva, the national agency for scientific
more
Event Details
This activity is part of the programme for the 2024 edition of Science and Technology Week, promoted by the Ciência Viva, the national agency for scientific culture. A dialogued tour of the National Museum Resistance and Freedom, in Peniche.
Para que nos servem as memórias?
Visita dialogada à Fortaleza de Peniche com Sofia Lisboa
No dia 22 de Novembro, das 14h30 às 16h30, propomos uma visita dialogada com Sofia Lisboa ao Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche.
Esta visita é co-organizada pelo IHC no âmbito da Semana da Ciência e da Tecnologia em Portugal.
Devido às condições espaciais, a visita está limitada a 20 participantes.
🔗 Inscrições (gratuitas, mas obrigatórias)
Sobre a visita:
Em Portugal, a resistência ao regime fascista que governou o país por mais de 40 anos é um capítulo essencial da memória colectiva, uma parte da nossa identidade que precisa ser contada e preservada. Mas por que razão é importante manter viva essa memória? E o que significa “patrimonializar” essa resistência?
Proteger e tornar vivo e acessível, para as gerações actuais e para as próximas, um património que existe na medida em que é entendido e “construído”, não pode deixar de ser visto como uma vantagem face a um conflito em curso. Estes processos têm várias personagens, e todas convivem de uma forma ou de outra, em diferentes temporalidades: os que se bateram pela salvaguarda destes lugares de memória, os que constroem estas instituições através do seu trabalho no dia-a-dia, os que os dirigem, travam as batalhas institucionais e enfrentam os desafios da viabilidade dos projectos e, a montante de todos eles, os que resistiram e sofreram as consequências do “seu livre pensamento”.
A patrimonialização da memória é um processo que transforma as lembranças, os locais, os documentos e os objectos ligados a eventos históricos em património cultural, reconhecendo o seu valor e importância para uma determinada sociedade. No caso da resistência ao fascismo em Portugal, patrimonializar significa proteger a história das pessoas e dos movimentos que sofreram repressão mas sobretudo que resistiram à ditadura. Esse processo é essencial para impedir o apagamento e o silenciamento de uma história que, muitas vezes, é desconfortável para alguns sectores da sociedade.
Por isso, os locais de resistência, como prisões, centros de tortura e campos de trabalho, e até os documentos e as testemunhas que ainda podem contar suas experiências, devem ser resgatados e tornados acessíveis. Este é um trabalho colectivo e contínuo, pois os desafios de patrimonializar a resistência são grandes: é preciso apoio, recursos e sensibilização para evitar que essas memórias desapareçam. Transformar esses espaços e memórias em património cultural é reconhecer a importância desses eventos para a construção da democracia portuguesa.
Com esta actividade pretendemos fazer parte deste movimento, e da reflexão que se exige. O património de uma comunidade não é uma herança fechada, material ou “imaterial”, à espera de quem o preserve, mas sim constituído por testemunhos e debates de diverso tipo que interagem com a posteridade. A natureza destes contributos é precária e conflitual, mas ao mesmo tempo profundamente ligada a movimentos sociais e políticos de grande importância, que não terminaram, cujas lutas se actualizam, e que continuam a motivar discussões metodológicas e conceptuais em museus de todo o mundo. Estes lugares não são espaços assépticos e higienizados, embora haja quem os queira neutralizar. Podem, sobretudo, se não ficarem confinados às suas paredes, ser espaços éticos capazes de construir consciências, sensibilidades, cidadania, pensamento crítico, solidariedade, e tantos outros valores que são imprescindíveis à tentativa de uma sociedade mais justa.
Procuraremos, através da visita e da discussão entre os participantes, moderada pela investigadora Sofia Lisboa, responder às seguintes questões:
- Como se concretiza, na prática, a musealização de testemunhos conflituais? Através de que olhares se representa e em que circunstâncias se conserva uma memória? O que se perde quando um lugar de memória é destruído?
- Que papel podem ter os museus quando deixam de ser apenas lugar de protecção e conservação de “objectos valiosos”?
- Como pode uma instituição do passado, destinada a perpetuar a reprodução do poder e do conhecimento numa elite – como é um museu – ser útil nos tempos modernos?
Time
(Friday) 2:30 pm - 4:30 pm
Location
National Museum Resistance and Freedom
Peniche Fortress, Campo da República, 609 — 2520-607 Peniche
Organizer
Institute of Contemporary History — NOVA School of Social Sciences and Humanities and National Museum of Resistance and Freedom