junho, 2019

Detalhes do Evento
Fifth session of the third cycle of lectures dedicated to the history of Lisbon, coordinated by Daniel Alves (IHC) and Rosa Maria Fina (CLEPUL),
Ver mais
Detalhes do Evento
Fifth session of the third cycle of lectures dedicated to the history of Lisbon, coordinated by Daniel Alves (IHC) and Rosa Maria Fina (CLEPUL), and hosted by the Lisbon Museum. With Inês Gomes.
Novos estudos & Novos olhares sobre a cidade: Lisboa do Terramoto à Revolução de Abril
III Ciclo de Conferências
Pelas ruas vagueiam cães danados, passeiam cães amigos:
companheiros ou praga na Lisboa do século XIX?
Inês Gomes (CIUHCT – FCUL)
A historiografia portuguesa, com poucas excepções, e ao contrário do que tem acontecido nos Estados Unidos e em outros países europeus, não tem dado centralidade aos animais não-humanos como sujeitos culturais. Todavia, também em Portugal, no contexto urbano, tanto as posturas municipais, quanto os relatos de estrangeiros, indiciam uma relação conflituosa entre habitantes humanos e não-humanos que moldou os quotidianos das cidades. De facto, o grande desenvolvimento de Lisboa no século XIX implicou uma gestão da coabitação destes diferentes habitantes da capital portuguesa.
Esta comunicação procurará identificar e descrever alguns dos actores que se envolveram na problemática da gestão da vida quotidiana na cidade de Lisboa no que concerne às interações entre cães e lisboetas na segunda metade do século XIX, quando o amistoso e útil cão se tornou um potencial inimigo para a saúde pública. Visões diferentes colidiram em relação às medidas que deveriam ser tomadas para controlar os cães vadios, potencialmente propensos à raiva, interagindo na delineação das políticas urbanas. A cidade não era vista, apenas, como um lugar onde os cães com raiva deveriam ser erradicados, mas, também, como um local de violência contra os animais, em geral, e contra os cães, especificamente. Como moldaram os cães o espaço da cidade e as práticas dos seus habitantes ao longo do tempo no contexto dos esforços políticos para controlá-los e excluí-los? Como podem as pragas urbanas contribuir para a compreensão da história da cidade? Estas são algumas das questões que se pretende discutir.
Sobre a oradora:
Inês Gomes (CIUHCT-FCUL) é doutorada em História e Filosofia das Ciências (FCUL), mestre em Georrecursos (IST) e licenciada em Biologia (FCUL). É, desde 2017, investigadora de pós-doutoramento no CIUHCT.
A sua investigação iniciou-se na área da ecologia, tendo-se debruçado no doutoramento, defendido em 2015, sobre o património científico, que, de uma forma geral, se encontra numa situação de grande vulnerabilidade, desconhecendo-se o que existe, onde existe e qual o seu estado de conservação. Em particular, a sua tese centrou-se sobre a génese e evolução das colecções escolares de história natural associadas aos liceus portugueses, à luz da história das ciências e da educação, partindo da cultura material como ferramenta para aprofundar o conhecimento da prática científica e pedagógica. Aspectos ligados à forma como as colecções de história natural foram utilizadas, assim como a sua importância actual, quer para as respectivas instituições, quer para a comunidade científica e para a sociedade portuguesa, em geral, foram, igualmente, centrais no projecto desenvolvido.
Mais recentemente, tem estado envolvida em projectos na área da história ambiental e da história urbana das ciências, nomeadamente nos projectos “Introductions, invasions and control measures of plant pests in Southern Europe. An interdisciplinary comparative approach from the 19th century onwards” e “Visions of Lisbon: Science, Technology and Medicine and the Making of a Techno-Scientific Capital, 1870-1940”.
.
ENTRADA LIVRE
Sobre o ciclo:
Não se pode dizer que a investigação académica sobre Lisboa alguma vez tenha passado de moda, afirma-se um contínuo olhar sobre a cidade e descobre-se nela, no seu espaço e nas suas gentes, motivos para novos estudos todos os anos. A perspectiva deste ciclo de conferências é, por isso, a de renovar esse olhar apresentando e discutindo trabalhos, textos, projectos que têm Lisboa como cenário ou Lisboa como actriz. E são estas duas visões que enquadram os estudos que fazem parte deste ciclo de conferências: por um lado, caracterizar a vivência quotidiana, a sociabilidade e as dinâmicas culturais, sociais ou políticas daqueles que viveram ou passaram pela cidade; por outro lado, analisar o seu espaço físico, o seu pulsar urbano, as suas transformações. Estes dois olhares, porém, não os queremos fixos numa determinada época, antes os estendemos num arco de mais de dois séculos, procurando abarcar a História de Lisboa do século XVIII ao século XX. Queremos que sejam também histórias nunca antes contadas sobre Lisboa e os lisboetas, queremos apelar à imaginação dos que vierem assistir e queremos que venham debater connosco cada um dos temas propostos.
Tempo
(Quarta-feira) 6:00 pm - 8:00 pm
Organizador
Institute of Contemporary History - NOVA FCSH, Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, and Lisbon Museum