fevereiro, 2024
Detalhes do Evento
Quinto seminário do ciclo Caminhos da Historiografia sobre o papel da História e da Memória como meios de instrumentalização do passado e do presente, ao serviço de nacionalismos ou de
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Detalhes do Evento
Quinto seminário do ciclo Caminhos da Historiografia sobre o papel da História e da Memória como meios de instrumentalização do passado e do presente, ao serviço de nacionalismos ou de regionalismos.
Instrumentalização do passado: comemorativismos e outras ritualizações
Historiografia e nacionalismos
Ciclo “Caminhos da Historiografia: história e ciências sociais dos anos 40 à atualidade”
Quando no final dos anos 50 e princípios de 60 se tornou evidente uma crise no regime do Estado Novo, logo acompanhada do início da guerra colonial, a historiografia portuguesa dava já sinais de renovação, em contacto com as práticas e teorias que noutras geografias se iam desenvolvendo. O Dicionário de História de Portugal (1963-71) de Joel Serrão, foi então uma expressão dessa mudança que se vinha desenhando desde o pós-guerra. E embora houvesse valiosos desenvolvimentos no campo da Economia, da Geografia e da Linguística e sinais de interesse por outras ciências sociais e humanas como a Sociologia e a Antropologia, em comparação com outros casos europeus, as limitações institucionais e políticas impunham fortes restrições à prática destas disciplinas (não raro confundidas com política). No entanto, o interesse pelas ciências sociais foi-se desenvolvendo extraordinariamente em círculos restritos: no ISCSPU, GIS, na SEDES, em alguns casos nas Faculdades de Letras de Lisboa, Porto e Coimbra, sem esquecer historiadores expatriados.
A seguir à revolução de 1974, verificou-se uma verdadeira explosão da procura de cursos no campo das ciências sociais e humanas: impunha-se compreender não apenas o passado próximo mas esse mesmo tempo de aceleração da história que foram os anos de 1974-75 com a descolonização, a agudização dos conflitos sociais e políticos, a construção de instituições democráticas, os intensos debates acerca de Portugal no mundo, num contexto internacional que era ainda de Guerra Fria, confrontando-se então múltiplos caminhos possíveis.
50 anos depois do 25 de Abril, impõe-se estudar em que sentidos se alargaram os estudos neste tão diversificado campo do conhecimento. Como se caracterizaram as políticas adotadas para o ensino superior? Que transformações ocorreram nas Universidades portuguesas dos anos 60 à actualidade? E nos centros de investigação financiados pelo Estado? Que temas foram mais explorados e debatidos antes e depois do 25 de Abril? Que tópicos foram esquecidos, alguns deles quase demonizados até aos anos 70 (o passado próximo, os conflitos sociais, as minorias e culturas subalternizadas, etc.) e, já depois da revolução e até aos anos 90 (caso de Império e da colonização)? Que orientações teóricas e modelos dominaram a agenda dos investigadores? Annales, marxismo, estruturalismo, pós-estruturalismo, Nouvelle histoire, linguistic-turn, micro-história, etc. E mais recentemente, que áreas e debates têm mobilizado os historiadores e outros cientistas sociais: história global (mas que conceitos se confrontam a este respeito?), estudos sobre mulheres, minorias religiosas, minorias étnicas, relações ocidente-oriente, artes, história conceptual, etc.
Pretende-se aprofundar o conhecimento sobre as orientações e práticas adoptadas pela história e por outras ciências sociais e humanidades em Portugal desde os anos 40 do século XX, num ciclo de sete seminários mensais de acesso livre, mobilizando múltiplos centros de investigação histórica e investigadores de modo a mobilizar jovens investigadores interessados em apresentar resultados das suas investigações. E no final publicar um livro que reúna os melhores trabalhos apresentados e debatidos nos seminários.
Seminário 5: Instrumentalização do passado: comemorativismos e outras ritualizações. Historiografia e nacionalismos
Coordenadores: Pedro Martins (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) & Susana Serpa Silva (CHAM — Universidade dos Açores)
Se a História é uma resposta às perguntas que o cidadão hodierno levanta (L. Febvre), regimes como o Estado Novo usaram e usam a historiografia para atingirem os seus fins e a salvaguarda dos seus interesses. Comemorações, eventos, rituais de enaltecimento da nação, dos heróis e dos acontecimentos mais marcantes e simbólicos serviram e servem para construir o presente alicerçado na grandeza do passado. No contexto português, a Revolução do 25 de Abril e a mudança de paradigma político, cultural e social motivou também a natural abertura de novos caminhos que favoreceram a transformação do pensamento e das ciências. A disciplina de História foi transformada com o surgimento de novos temas e campos de estudo, metodologias inovadoras e reflexões epistemológicas. Com este seminário pretende-se proporcionar momentos de reflexão, de análise e debate sobre o papel da História e da Memória como meios de instrumentalização do passado e do presente, ao serviço de nacionalismos ou de regionalismos, sobre o significado do comemorativismo e de outras solenidades como respaldo de determinadas ideologias e práticas e os meios de resistência e de mudança que têm como pano de fundo a historiografia.
PROGRAMA RESUMIDO
09:00-09:30: Recepção dos/das participantes e sessão de abertura
09:30-10:30: Conferência de Abertura: «Metamorfoses do 5 de Outubro», António Ventura (CH — Universidade de Lisboa)
10:30-10:45: Pausa para café
10:45-13:00: Historiografia e ensino da História (Moderação: Pedro Martins)
13:00-14:30: Pausa para almoço
14:30-16:45: Memória e comemorações (Moderação: Susana Serpa Silva)
16:45-17:00: Pausa para café
17:00-18:30: Mesa Redonda: «Instrumentalização do passado, comemorativismos e outras ritualizações. Historiografia e nacionalismos» (Moderação: Maria Inácia Rezola)
18:30: Encerramento dos trabalhos
Coordenação: Irene Vaquinhas (CHSC-UC) e Paulo Fontes (CEHR-UCP)
Comissão Organizadora: Sérgio Campos Matos (CH-FLUL), Maria Alexandre Lousada (CH-FLUL), Ana Mónica Fonseca (CEI-ISCTE), Pedro Martins (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) e Maria Inácia Rezola (Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril / IHC — NOVA FCSH / IN2PAST).
Comissão Científica: Cristina Clímaco (Paris VIII), Fernando Martins (CIDEHUS-UE), Irene Vaquinhas (CHSC-FLUC), João Arriscado Nunes (CES-UC), João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20-FLUC), José Manuel Lopes Cordeiro (CICS-UM), Luís Filipe Barreto (CH-FLUL), Luís Trindade (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST), Maria João Vaz (CIES-ISCTE), Nuno Estêvão Ferreira (CEHR-UCP), Nuno Gonçalo Monteiro (ICS-UL), Nuno Bessa Moreira (CITCEM-UP), Paulo Fontes (CEHR-UCP), Susana Serpa Silva (CHAM Açores).
Tempo
(Terça-feira) 9:00 am - 7:00 pm
Organizador
Várias instituições