Conferência organizada no âmbito da parceria do Laboratório de História do IHC e a Junta de Freguesia de Olivais.

Portugal e a Ideia da Europa
Isabel Baltazar (IHC – NOVA FCSH)

Na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, Portugal sofreu uma mudança radical do conceito estratégico nacional, com a implantação de um regime democrático que permitiu o pedido de adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE). As negociações foram iniciadas em 1977 e prolongaram-se até a 1985, numa ronda pelas capitais europeias, através do Ministro dos Negócios Estrangeiros, José Medeiros Ferreira, seguindo a visão europeísta do Primeiro-Ministro, Mário Soares. O novo regime político, a democracia, era a condição necessária para se poderem iniciar estas negociações de adesão e preparar Portugal para aderir à Europa.
Embora geograficamente Portugal fosse um país europeu, o seu passado tinha uma vocação atlântica e o seu olhar estivera voltado para o mar, nessa tradição histórica além-mar, que lhe vinha dos “descobrimentos”, e o levara a esse futuro colonial de construção de um império e de ficar marcado pelo universalismo. Foi a implantação da democracia que levou ao processo de descolonização e de um regresso à velha Europa, de um ponto de vista estratégico e político.
Embora Portugal acompanhasse, como observador, todo o processo de construção europeia, como provam as pastas diplomáticas, Portugal sempre estivera na Europa, geograficamente, mas o seu olhar era não-europeu. A descolonização de 1974-1975 marca o fim de um ciclo, a descolonização, e a abertura ao projecto europeu, em que apenas participara de forma económica e que agora assumia como projecto político.
A adesão de Portugal à CEE é a chegada à Europa da integração e um compromisso com este projecto europeu que continua o seu aprofundamento na actualidade.

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