novembro , 2019

04nov5:30 pm7:30 pmDesindustrializaçãoCiclo Diálogos Luso-Brasileiros5:30 pm - 7:30 pm Biblioteca Nacional de Portugal, Campo Grande, 83 — 1749-081 LisboaTipologia do Evento:Ciclo

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Detalhes do Evento

Terceira sessão do ciclo Diálogos Luso-Brasileiros, dedicado à economia política. Com Luiz Carlos Bresser Pereira e Ricardo Paes Mamede.

 

Diálogos Luso-Brasileiros III

Desindustrialização

 

[Título a designar]
Luiz Carlos Bresser Pereira (FGV)

 

 

Desindustrialização em Portugal: desenvolvimento, globalização e financeirização
Ricardo Paes Mamede (Dinâmia’CET — IUL)

Entre 1995 e 2010 Portugal registou um declínio acentuado da indústria transformadora, cujo peso no emprego total caiu de 22% para menos de 15% e o peso do VAB de 19% para 13%. Embora a diminuição da importância do setor industrial reflita uma tendência comum a outras economias europeias, o ritmo da desindustrialização verificado em Portugal no período foi mais acelerado do que na média da UE. Desde 2010 verificou-se uma ligeira recuperação do processo, não sendo porém suficiente para se falar numa reversão das desindustrialização em Portugal.
Ainda que, em abstrato, a desindustrialização não tenha de constituir um problema, no caso português – como no de muitas economias semiperiféricas – o declínio relativo do setor industrial contribuiu para a acumulação da dívida externa desde meados da década de noventa, a qual por sua vez constitui um fator determinante da crise de financiamento ocorrida no início da presente década.
Para compreender o processo de desindustrialização em Portugal é necessário levar em consideração três tipos fundamentais de dinâmicas: a convergência da economia portuguesa com níveis de desenvolvimento mais avançados (refletindo-se nos padrões de consumo e de especialização produtiva), a maior exposição do setor transacionável à concorrência de produtos oriundos de economias emergentes (que afetou particularmente as indústrias tradicionais predominantes) e a liberalização financeira no quadro da união monetária europeia (que contribuiu para a apreciação da taxa de câmbio real, penalizando assim o setor transacionável).
O processo de ajustamento implementado a partir de 2010, assente na lógica de desvalorização interna, é frequentemente apresentado como favorecendo uma correção na evolução estrutural da economia portuguesa, no sentido do reforço do setor transacionável. No entanto, dado o padrão de especialização prevalecente e a fragilidade do tecido empresarial nacional, não é de esperar que a estratégia de desvalorização interna – mesmo que fosse política e socialmente viável – contrarie por si só os principais determinantes da desindustrialização da economia portuguesa. A este nível, a escassez de instrumentos de política de desenvolvimento das capacidades produtivas nacionais no seio da UE e da zona euro coloca desafios acrescidos a uma economia como a portuguesa.

 

Sobre o ciclo:
O conhecimento europeu e português das realidades periféricas é hoje em dia cada vez mais limitado, e frequentemente mediado por um ‘Norte global’ marcado pela hegemonia anglo-saxónica. Acreditamos, contudo, que a tendência de subordinação do nosso pensamento aos modismos globais não deve afastar-nos das tradições do pensamento ibérico e latino-americana. Urge então relembrar que as trajetórias do ‘Sul global’ são determinadas pelas condicionantes da periferia, cujas características são hoje (como antes o eram já) centrais para compreender os problemas do desenvolvimento e do capitalismo ocidental e os desafios das sociedades contemporâneas. Neste propósito, com este ciclo de conferências pretendemos reunir um conjunto de investigadores de referência e que, a partir da área interdisciplinar das ciências sociais e humanas, podem proporcionar-nos uma visão teórica e empírica de problemas centrais da Economia Política contemporânea. Num tempo em que a universidade pública é chamada a se posicionar perante os novos ventos da política, o pensamento e a capacidade de pensar sobre temas estruturantes de nossas sociedades é uma condição indispensável para apreendermos nosso lastro histórico, económico e sociopolítico, identificando os dilemas do mundo ibero-americano e olhando o futuro com consciência e um sentido crítico construtivo. Por fim, apesar de uma secular proximidade entre dois povos irmãos, o português e o brasileiro, acreditamos que há espaço para se aprofundar um diálogo intelectual em temas cujo entendimento é decisivo para uma compreensão necessária da especificidade das sociedades luso-brasileiras, assim como para uma compreensão do nosso devir contemporâneo.

Em cada sessão estará em foco um tema de economia política, que será tratado por dois oradores convidados, um colega da comunidade académica brasileira e um especialista português. Cada conferencista disporá de 40 minutos para a sua palestra, a que se seguirá um debate.

 

ENTRADA LIVRE

 

Organização:

Ana Paula Pires, IHC — NOVA FCSH, Universidade NOVA de Lisboa
Luís Mah Silva, CEsA, Instituto Superior de Economia e Gestão
Maria Eduarda Gonçalves, DINÂMIA’CET-IUL, Instituto Universitário de Lisboa
Maria Fernanda Rollo, IHC — NOVA FCSH, Universidade NOVA de Lisboa
Tiago Brandão, IHC — NOVA FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

 

Cartaz do ciclo "Diálogos luso-brasileiros"

Tempo

(Segunda-feira) 5:30 pm - 7:30 pm

Localização

Biblioteca Nacional de Portugal

Campo Grande, 83 — 1749-081 Lisboa

Organizador

Instituto de História Contemporânea — NOVA FCSH, CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento do ISEG e DINÂMIA’CET-IUL

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