Um seminário promovido pelo IHC no Instituto Politécnico de Beja, no âmbito dos Encontros com a Matemática.

António Aniceto Monteiro e a investigação matemática no Estado Novo:
do financiamento estatal ao exílio
Quintinho Lopes (IHC – NOVA FCSH – Universidade de Évora)

Nos inícios da ditadura, num tempo de suposto isolamento da comunidade científica nacional, António Aniceto Monteiro beneficia da existência de uma instituição estatal que pretende europeizar a investigação científica em Portugal. Os cinco anos como bolseiro em Paris, culminando na realização do doutoramento em Matemática, em 1936, permitem-lhe regressar a Portugal dotado de competências para promover a investigação Matemática. A criação do Núcleo de Matemática, Física e Química, da revista Portugaliæ Mathematica e da Sociedade Portuguesa de Matemática, entre 1936 e 1940, são manifestações de uma renovação cujo alcance seria limitado por questões políticas e resistências corporativas, que conduzirão Aniceto Monteiro em 1945, sob a recomendação de Albert Einstein, entre outros cientistas de renome internacional, ao exílio no Brasil.